sábado, 12 de novembro de 2011

O bom velho Atlético - Record


Autor: Alexandre Moita
O Atlético está de volta à ribalta do futebol português. O brilhante pecúlio na Liga Orangina traz à memória os saudosos anos em que o emblema da Tapadinha digladiava pelos patamares cimeiros do campeonato nacional, e não é para menos, apesar dos objetivos da equipa não ambicionarem, para já, voos tão altos, como esses que a história não apaga.
A liderança à 9.ª jornada, com 20 pontos em 27 possíveis, pode ser encarada como uma mera casualidade, mas se a perspetiva se centrar nos factos que estão na sua génese, aí sim, muito meritória se torna.
A realidade dos factos
Com um orçamento inferior em comparação com alguns clubes do mesmo escalão, a indefinição do plantel perdurou até ao fecho do mercado de transferências e a tendência traduziu-se numa aposta em jogadores emprestados, cujo perfil assentava em valores jovens, irreverentes e ambiciosos. O exemplo mais flagrante é o sector defensivo – o menos batido do campeonato, com apenas 3 golos consentidos –, que tem no lateral-direito Luís Dias a única cara conhecida relativamente à época passada, isto porque Caleb, Vítor Bastos, Gonçalo e Stephane estão em temporada de estreia na Tapadinha. Daí para a frente a norma mantém-se, com enfoque para Silva, Leandro Pimenta e Tony Taylor, com o ónus de o último estar cedido pelo Estoril, um dos clubes com aspirações à subida de divisão. Curioso. Se na irreverência e jovialidade do plantel está um dos segredos do sucesso, não é menos verdade que Botelho e Rolão, jogadores experientes e há mais tempo no clube, também desempenham um papel importante: passar a mensagem aos que chegam. O próprio treinador João de Deus, de 35 anos, cumpre o seu primeiro ano nos campeonatos profissionais mas já é um nome que reúne consenso nas hostes alcantarenses.
Como se não bastasse, falta acrescentar um pequeno grande pormenor. O Atlético anda com a casa às costas, já que o Estádio da Tapadinha é o local de treinos do plantel, mas é na Reboleira que a equipa joga. Na Taça de Portugal, contudo, o desafio foi disputado em Alcântara, numa eliminatória amarga para o clube, que viria a ser eliminado pelo Macedo de Cavaleiros na lotaria das grandes penalidades.
É por isto tudo que na Tapadinha mora um líder improvável, mas que face à realidade dos factos é uma das sensações da época futebolística.

Esteio Caleb formula desejo
Olhando para o sucesso da defesa alcantarense, que apenas sofreu 3 golos em todo o campeonato, o nome Caleb, guarda-redes que nasceu nos Estados Unidos mas possui passaporte australiano, é incontornável. "Estou muito contente com o desempenho defensivo da equipa e sinto que a decisão de vir para o Atlético foi a mais acertada. Estou convicto que haverá poucas equipas como a nossa", refere o guardião. 
Sobre os objectivos da equipa alcantarense, o jogador, de 24 anos, embora não seja grande conhecedor  da realidade do clube, reconhece que o primeiro passo será a permanência, visto a equipa ter alcançado o regresso aos campeonatos profissionais no ano transato. "Temos trabalhado muito para estar nesta posição. A equipa é jovem e ambiciosa, mas estamos integrados numa liga competitiva." Agradado com os elogios recebidos, Caleb formula um desejo, no mínimo, complicado: "Gostaria de não sofrer mais golos."
Laurindo e o Trunfo
Para Laurindo, o jogador do Atlético mais bem pontuado (29) por Record, o caminho trilhado é fruto de muito empenho e dedicação. "As pessoas que estão identificadas com a filosofia deste clube sabem que só podemos prometer uma coisa, que é trabalho. Em todos os jogos vamos dar o nosso melhor para vencer, mas temos noção da realidade. O objectivo é a permanência, e penso que falo por todo o grupo. Se chegarmos mais rapidamente a ele, melhor", afirma o médio, de 29 anos, fazendo uma breve análise ao início de época do Atlético. "Temos muitos jogadores novos, é indesmentível, mas todos eles se integraram muito bem. Para a equipa corresponder dentro de campo é preciso ter um balneário forte e unido, e a nossa principal força é essa", refere.

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